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Pandemia agrava prejuízos da CP para mais de 95 milhões de euros
Diogo Ferreira Nunes DV/JN Hoje às 09:54Comboios da empresa apareceram menos vezes, mas foram mais pontuais. Fusão com a EMEF poupou mais de 30 milhões na contratação de serviços.A CP agravou os prejuízos por causa da pandemia. No ano passado, a transportadora registou resultados negativos de 95,4 milhões de euros, o que compara com os 51,6 milhões de euros verificados em 2019. Os comboios apareceram menos vezes do que estava programado mas foram mais pontuais, refere o relatório e contas publicado pela empresa liderada por Nuno Freitas.A diminuição das receitas ajuda a explicar o agravamento dos resultados. A quebra de 40% nos passageiros para 87 milhões levou à descida de 45% nos proveitos de tráfego para 150,65 milhões de euros. Os rendimentos de tráfego são uma componente fundamental para assegurar que a empresa consegue pagar salários e cumprir os compromissos com os seus fornecedores.No início do ano passado, a empresa vinha de um ciclo de recuperação de clientes. Antes de a covid-19 entrar em Portugal, a CP registava “dois meses com um crescimento da procura em linha com o que vinha a ocorrer nos anos anteriores, induzida não só pelo crescimento da economia portuguesa como pelo do turismo”.Depois do primeiro confinamento, os passageiros começaram a voltar, mas nunca ao ritmo pré-pandemia, até porque, nos transportes, foram introduzidos limites à lotação de dois terços da capacidade. No último trimestre do ano, contudo, houve novas restrições de mobilidade por causa da segunda vaga da covid-19.Além dos limites à lotação, houve várias alterações na oferta de comboios a partir de março. No primeiro confinamento, a oferta de comboios urbanos e regionais caiu para 75%; nos serviços de longo curso, o recuo foi mais acentuado.Corte no internacionalO serviço internacional foi praticamente apagado: desde 17 de março de 2020 que não circulam os comboios noturnos para Espanha (Lusitânia) e França (Sud Expresso); o comboio Celta, entre Porto e Vigo, foi retomado em maio, mas apenas com uma viagem diária em cada sentido, em vez de duas. No total, foram realizados 404 127 comboios, menos 6,9% face a 2019.Mesmo nos comboios programados, houve mais viagens suprimidas: o índice de regularidade recuou no ano passado de 99,5% para 99,2%. Apenas os comboios urbanos de Sintra/Azambuja foram mais assíduos na comparação com 2019. Pelo contrário, houve mais comboios a chegarem a horas: o índice de pontualidade subiu 2,8 pontos percentuais, para 85%. As principais melhorias registaram-se no Intercidades, Alfa Pendular e comboios urbanos das linhas de Cascais e de Aveiro.As diferenças na assiduidade e pontualidade deveram-se, sobretudo, a limitações de velocidade por causa das obras do Ferrovia 2020, avarias na sinalização e no material circulante.A nível operacional, as receitas ficaram abaixo dos gastos por 4,1 milhões de euros. Os rendimentos caíram 14% para 294,76 milhões de euros. A entrada em vigor do contrato de serviço público, a meio do ano, evitou que a descida fosse mais acentuada: o Estado compensou a transportadora em 88,13 milhões de euros.O Governo tem de aprovar, ainda, os relatórios e contas da CP relativos a 2020 e aos cinco anos anteriores: desde 2016 que as contas da empresa pública de transporte “aguardam aprovação pela Tutela”.Mais contratações do que saídas de trabalhadoresO ano passado ficou marcado pela fusão entre a CP e a EMEF. Ao juntar a operação com a manutenção, a empresa poupou mais de 30 milhões na contratação de serviços a empresas externas. A fusão impede, por exemplo, a comparação da taxa de absentismo e recurso a horas extra com anos anteriores. Ainda assim, houve mais 81 contratações do que saídas na CP. As reformas foram as principais causas para a redução do quadro, mas acabaram por ser suplantadas por 171 contratações, ao abrigo do plano de investimento da CP (136) e do reforço dos quadros para a oficina de Guifões (35).
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