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Português conduzirá quarto maior grupo automóvel
Diogo Ferreira Nunes (DV/JN)Hoje às 07:15O quarto maior grupo automóvel do Mundo deverá ter esta segunda-feira sinal verde. Os acionistas da Peugeot-Citroën (PSA) e da Fiat Chrysler (FCA) vão aprovar a fusão dos dois grupos, anunciada em dezembro de 2019 e que ficará formalmente concluída nas próximas semanas. Durante cinco anos, o português Carlos Tavares vai ficar ao volante da aliança Stellantis.O novo gigante automóvel venderá um total de 7,9 milhões de automóveis e conseguirá obter receitas de 180 mil milhões de euros, segundo os resultados agregados de 2019 e que correspondem a 2,3 vezes o valor do empréstimo da troika a Portugal, em 2011. Além da Peugeot, da Citroën, da Fiat e da Chrysler, a nova aliança automóvel vai reunir e manter marcas como Alfa Romeo, Jeep, Lancia, Maserati, Dodge e Ram.Os dois grupos vão ter vantagens mútuas com esta união por partilharem mercados e soluções tecnológicas: a PSA passará a ter acesso ao continente norte-americano. A FCA poderá reduzir as emissões da sua frota, sem ter de comprar à Tesla créditos de emissões de dióxido de carbono, avaliados em 1,8 mil milhões de euros e que permitirão ao grupo italo-americano evitar as multas dos EUA e da Comissão Europeia.Poupanças sem despedir Estão previstas reduções de custos anuais de cinco mil milhões de euros depois da fusão ficar concluída. A Stellantis garante que estas poupanças vão ser feitas sem sacrificar fábricas nem os 400 mil trabalhadores dos dois grupos. A fábrica da PSA em Mangualde – a segunda maior produtora automóvel de Portugal – poderá, por isso, continuar a montar veículos comerciais ligeiros, como Citroën Berlingo, Peugeot Partner e Opel Combo.Carlos Tavares será o presidente-executivo da nova aliança, que terá o líder da FCA, John Elkann, como presidente do Conselho de Administração. A restante equipa vai contar com 10 membros: cinco nomeados pelos atuais acionistas da Peugeot-Citroën; outro tanto pela fabricante italo-americana. A Stellantis terá sede nos Países Baixos e ações cotadas nas praças de Milão, Paris e Nova Iorque.Fusão com curvas A criação desta aliança tem sido apresentada como uma “fusão de partes iguais”. Na estrutura acionista da Stellantis, a família Agnelli, histórica acionista da Fiat, tem o maior controlo individual de ações, com 14,5%. Mas os maiores acionistas da PSA, juntos, vão ter mais poder do que os italianos: aos 7,2% da família Peugeot somam-se os 6,2% do Estado francês e os 4,5% do grupo chinês Dongfeng.Anunciada em dezembro de 2019, a fusão entre a PSA e a FCA começou a ser discutida em março desse ano. Os dois grupos já tinham fechado compras relevantes anteriormente: em 2017, a PSA tinha comprado a Opel e a Vauxhall; a Fiat fechou a compra da Chrysler em 2014. Até a Stellantis ser aprovada pelos acionistas, os dois grupos enfrentaram duas curvas apertadas pelo caminho, a Comissão Europeia e a covid-19.Em setembro, foi cortado para praticamente metade o dividendo que os acionistas do grupo FCA iriam receber em troca da aprovação do negócio, de 5,5 para 2,9 mil milhões de euros. Os 2,6 mil milhões de euros que ficaram por receber vão dar mais potência à nova aliança automóvel.Menos ligeirosSuperar a Comissão Europeia vai levar os dois grupos a reduzir a sua presença no mercado dos veículos comerciais ligeiros.Carlos Tavares, CEO da PSA Peugeot/CitroenFoto: João Girão / Arquivo Global ImagensO engenheiro sempre em luta contra o tempoO português Carlos Tavares vai liderar o quarto maior grupo automóvel do Mundo, atrás da Volkswagen, da Toyota e da aliança entre a Renault, Nissan e Mitsubishi.Rapidez é a palavra-chave do estilo de liderança de Carlos Tavares. Seja no comando do grupo Peugeot-Citroën ou ao volante de um carro de competição, este engenheiro, 62 anos, afirmou–se nos últimos anos como um dos protagonistas da indústria automóvel. Nasceu em Lisboa em 1958.Mudou-se para Toulouse, em 1976, para prosseguir os estudos. No início da década de 1980, licenciou-se em Engenharia. Entrou em 1981 para a Renault. Entre 2004 e 2011, trabalhou para a Nissan e chegou ao comando da PSA em 2014, a tempo de salvar o grupo. Continua a ter tempo para participar em corridas.
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