Reembolsos de IRS podem encolher até 300 euros com novas tabelas

Paulo Ribeiro Pinto (JN/DV)Hoje às 07:06, atualizado às 07:29A conta é simples: menos descontos por mês para o IRS vão significar menos reembolso em 2022.Com a atualização das tabelas de retenção para os rendimentos de 2021, os contribuintes vão ter um salário mais generoso no final do mês, mas um cheque mais magro quando for feito o acerto de contas com o Fisco no ano seguinte.As simulações da consultora Deloitte mostram que os valores que desaparecem do reembolso são idênticos aos que resultam do somatório de poupança mensal com as taxas mais baixas.Para um contribuinte solteiro, sem filhos e com um rendimento bruto anual de 15 400€ (1100€/mês) vai receber um cheque do Fisco de 304,42€ dos rendimentos referentes a 2020, mas apenas terá direito a 258,22€ em 2022 para os rendimentos de 2021. Para o mesmo agregado mas com um rendimento bruto anula de 56 mil euros, o corte do reembolso pode chegar aos 336€.Redução de taxasPara uma família com dois titulares e dois filhos e um salário bruto anual de 30 800€, o reembolso pode sofrer uma redução de 252€.”É importante alertar os contribuintes que a “fatura final” do IRS de 2021 vai apenas ser recebida em 2022 (normalmente em julho) e aqui os contribuintes terão reembolsos de IRS mais baixos”, avisa a Deloitte. A retenção na fonte é um adiantamento feito ao Estado, uma previsão de quanto cada trabalhador paga de imposto.Mas também poderá dar-se o caso de contribuintes que, estando no limite de um dos níveis de tributação, terão de pagar IRS.Os trabalhadores e pensionistas com um rendimento mensal até 686€ não vão descontar todos os meses para o IRS. O secretário de Estado dos Assuntos Fiscais definiu que só a partir deste valor é que há lugar a retenção. Durante este ano, o limite estava nos 659€ por mês. Esta atualização deverá também refletir o aumento previsto do salário mínimo nacional.Mas a redução das taxas das tabelas de retenção é para todos, em média de 2%. E também para os pensionistas, mas apenas para os que ganham até 686€ por mês. Nos restantes, mantêm-se as taxas, uma vez que há maior correspondência entre a retenção e o valor final do imposto a pagar. O ajuste nas pensões mais baixas é feito para refletir o aumento extraordinário de 10€ em janeiro, evitando que sejam tributados.As tabelas de retenção na fonte de IRS que vão ser aplicadas em 2021 vão permitir um ligeiro aumento da liquidez mensal. As simulações da Deloitte apontam para uma redução média de 2%. O Governo garante que esta medida implica abdicar de 200 milhões de euros de receita que fica com as famílias.Casos concretosDe facto, a poupança mensal é, em alguns casos, residual. Por exemplo, um contribuinte solteiro, sem filhos e com um rendimento mensal bruto de 685€ consegue um ganho de 69 cêntimos, ou 9,80€ por ano. Para este mesmo agregado, mas com um rendimento de 1100€, a poupança mensal é de 3,30€, o que corresponde a um total de 46,20€ no final do ano.Em termos relativos, é num agregado com um titular, um dependente e 700€ de rendimento mensal bruto que a poupança é mais expressiva, com uma redução na retenção de 12,5%. Mas isso não corresponde a muitos euros na carteira. De acordo com as simulações, representa mais 9,80€ no final do ano, ou 70 cêntimos todos os meses.Já para o caso de uma família em que os dois elementos estão empregados, com dois filhos e um rendimento mensal bruto de 1750€, as novas tabelas dão mais 7€ ao final do mês ou 98€ no final do ano.


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