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Super Bock: a greve e o duelo de perspetivas
Almiro FerreiraOntem às 20:41Sindicato nota “grande adesão”, “violações à lei” e “cadência de trabalho muito baixa”. Cervejeira de Leça do Balio nega acusações e regista “apenas 13” grevistas entre 800 funcionários da empresa.Paragens parciais de duas horas, em todos os turnos e durante cinco dias, desta quinta-feira até terça-feira, mobilizam os trabalhadores da cervejeira Super Bock por aumentos salariais de 90 euros, direito a 25 dias de férias e 35 horas de trabalho semanal, reivindicações mantidas desde dezembro do ano passado e que já originaram greves em março e junho.O Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB) junta à causa de duas centenas de operacionais da produção mais 600 trabalhadores, administrativos, em teletrabalho, “que anunciaram a intenção de fazer greve”. Denuncia, ainda, “pressões exercidas sobre os trabalhadores” e “alguns incidentes identificados como violação do direito à greve”, “que serão denunciados às autoridades”.Segundo o SINTAB, no serviço de enchimento, durante a manhã desta segunda-feira, “as linhas estiveram quase totalmente paradas e só algumas funcionaram, com recurso a trabalhadores temporários”. Noutros setores, de acordo com o sindicato, “a cadência de trabalho foi muito baixa, por falta de pessoal qualificado”.”No serviço de produção (adega e fabrico de cerveja), em que uma paragem exige procedimentos com seis horas de antecipação, a direção do serviço não precaveu a greve, impossibilitando que os trabalhadores a ela pudessem aderir sem pôr em causa, quer a segurança das instalações e equipamentos quer a qualidade do produto”, acrescentou o sindicato. “Ou seja, os trabalhadores tiveram de abdicar do direito à greve”, atalha Pedro Nuno Silva, da Comissão de Trabalhadores.A Super Bock refuta as acusações do SINTAB e reafirma que “sempre pautou e continuará a pautar a sua atuação pelo cumprimento escrupuloso da lei”.”Neste primeiro dia, e até ao momento, foram 13 os trabalhadores que optaram por exercer o seu direito à greve. De recordar que o universo do pré-aviso são, aproximadamente, 800 trabalhadores. Significa, pois, que uma larga maioria dos trabalhadores da Super Bock Bebidas não se revê nesta greve, penalizadora da atividade da empresa, das suas marcas e dos seus colaboradores. Relativamente às afirmações que são veiculadas sobre a substituição de trabalhadores em greve, a empresa não pode deixar de afirmar que se trata de uma clamorosa inverdade”, disse ao JN fonte da empresa.Em dezembro de 2020, os sindicatos reivindicaram aumentos salariais de 90 euros, direito a 25 dias de férias e 35 horas de trabalho semanal. O SINTAB diz que, numa primeira fase, a empresa recusou negociar, “na desculpa da pandemia”, e que só aceitou sentar-se à mesa em fevereiro deste ano, quando apresentou uma proposta considerada como “aumento zero” para 2021.”Os trabalhadores pediam aumento de 1%, com retroativos a janeiro. A empresa sugeriu um aumento de 25 euros, a partir de julho, sem retroativos em janeiro, o que não era aceitável”, relembra Pedro Nuno Silva, que reclama a revisão do Acordo Coletivo de Trabalho, numa empresa onde “o salário médio bruto ronda os 1200 euros”.”Essa postura da empresa levou já a que os trabalhadores tenham estado em greve, durante o mês de junho, e deliberado, em plenário, a necessidade de a empresa apresentar propostas de aumento salarial condizentes com a distribuição de lucros aos acionistas que, em anos de pandemia, atingiram os valores mais altos de sempre”, insiste o sindicato.
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