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Todos os dias há 50 mil pessoas a faltar ao emprego na indústria
Ilídia PintoOntem às 09:31O primeiro a lançar o alerta foi o calçado, que está com taxas de absentismo de 14%, quando em setembro não chegava sequer aos 3%.”Faltam atualmente seis mil pessoas todos os dias nas nossas empresas, o que nos poderá impedir de cumprir com os nossos compromissos internacionais”, anunciou, nesta semana, a APICCAPS. Contactado, o diretor de comunicação da associação confirmou os números, sublinhando que as empresas se sentem duplamente penalizadas.”Não só porque precisam dos trabalhadores, mas também porque têm de pagar parte significativa dos custos salariais destes funcionários, quando estão privados deles, quando essa é uma função social que cabe ao Estado cobrir”, sublinha Paulo Gonçalves.O elevado número de pessoas ausentes do serviço por razões relacionadas com a covid-19 é agora “a principal dificuldade” apontada pelas empresas de calçado no mais recente inquérito da APICCAPS nos primeiros dias de fevereiro, “superando inclusivamente a insuficiência de encomendas”.Com o fecho das escolas, o Governo decretou que os trabalhadores com filhos menores de 12 anos, que não estejam em teletrabalho, recebem dois terços da remuneração base, sendo esse valor suportado, em partes iguais, pelo empregador e pela Segurança Social.indignação “A lei o que diz é que a assistência a filho menor é uma falta justificada e não remunerada, como é que o Estado vem obrigar as empresas privadas a pagar, quando estão descapitalizadas e não geram riqueza para isso?”, critica o presidente da ANIVEC, a associação do vestuário. César Araújo não tem dúvidas que, em média, o absentismo ronda os 20 a 25%, o que equivale a dizer que, diariamente, há cerca de 20 mil pessoas em falta nas fábricas.A Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) confirma o panorama. Um breve inquérito junto de um conjunto alargado de empresas do vestuário mostrou taxas de absentismo que variavam entre 17 e 27%. Considerando os 90 mil trabalhadores do vestuário, são quase 25 mil pessoas, segundo avança Mário Jorge Machado.Até 25 mil ausências diáriasNa metalurgia e metalomecânica, os dados mais recentes são de novembro, quando 13% das empresas indicava ter mais de 10% de trabalhadores em falta, a que se somavam 16% com 5 a 10% de absentismo.Mas o vice-presidente da AIMMAP não tem dúvida que a situação evoluiu de forma “claramente negativa”, por via do encerramento das escolas. “Tudo aponta para que haja agora mais empresas e com níveis de absentismo superiores”, diz Rafael Campos Pereira, que admite que as empresas tenham em falta, por dia, 25 mil pessoas.
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