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Vítor Gaspar avisa: preparem-se para os piores cenários
Luís Reis Ribeiro (DV/JN)Hoje às 09:40Ex-ministro e diretor do FMI defende que os governos “não devem retirar apoios orçamentais de forma prematura”, mas alertou para défices e dívida.O peso da dívida pública e do défice orçamental (em função do PIB) vai ser muito superior ao que se prevê atualmente, avisou esta semana o ex-ministro português das Finanças Vítor Gaspar, no Fórum do Banco Central Europeu.No seu comentário, o agora diretor do departamento de assuntos orçamentais do Fundo Monetário Internacional (FMI), deixou bem claro que a situação económica e orçamental da esmagadora maioria dos países vai piorar bastante antes de melhorar.Gaspar apontou o dedo à segunda vaga da covid-19. Os perigos para a economia e o emprego são reais e cada vez maiores, fez saber. E a incerteza é enorme, outra vez.O responsável não se referiu à fermentação de uma recessão em W (duas quedas muito graves do PIB por causa das duas vagas da pandemia e consequentes confinamentos), mas deixou pistas nesse sentido. Parece que está a acontecer, segundo a bateria de dados e a análise do economista do FMI.Nas últimas projeções do FMI para as quase 200 economias que existem no Mundo, a recessão é a grande marca de 2020, mas 2021 parece agora mais incerto. Pode ser pior do que se imagina.Cenários alternativosGaspar referiu-se às últimas e recentes projeções para a atividade económica e para as contas públicas, mas disse que devemos começar a “considerar cenários alternativos”.Existe o tal cenário de base, central, mas “infelizmente, alguns riscos já se materializaram”. O pior cenário está a concretizar-se aos poucos.O antigo ministro do Governo PSD-CDS, que aplicou o programa de ajustamento da troika entre 2011 e 2014, lembrou que “do lado positivo, o crescimento superou as expectativas no 3.º trimestre de 2020″.”Confinamentos parciais foram adotados em muitos lugares” e “as respostas orçamentais públicas para apoiar as condições de vida resultarão em aumentos substanciais nos défices e nas dívidas”. E concluiu: “A atividade económica e o emprego também serão afetados negativamente”.Gaspar declarou à audiência virtual do Fórum que “os elevados níveis de dívida pública não são o risco mais imediato na Zona Euro” e, por isso, aconselhou os decisores políticos a “não retirarem os apoios orçamentais de forma prematura”.Gaspar voltou a defender o investimento público para ajudar as economias nesta etapa tão difícil. E pediu para que se use o dinheiro disponível (os fundos europeus e juros ultrarreduzidos do BCE) de forma “produtiva” e que tudo seja feito com “transparência e responsabilidade”.
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